Sunday, January 29, 2006

O caminho das borboletas

A idade ia chegando e, com o passar do tempo,
as prioridades na vida foram mudando...
A vida profissional, as contas a pagar, a casa a arrumar, a educação da filha.
Porém um pensamento sempre presente rondava a cabeça: a busca pela
felicidade com o amor da sua vida.

Desde pequena ela via a pergunta "quando será que ele vai
chegar?" como um presente por ter sido boa o suficiente para os outros, e a cada novo namoro, vez ou outra pegava-se na dúvida "será que é ele?".

Com o tempo voando, percebeu que na idade em que se encontrava,
tudo era definitivo, como já havia lhe dito o pai.
Pensou então que cada pessoa que havia passado em sua vida,
de alguma forma a tinha marcado, uns com mais intensidade que outros.
Por algumas vezes fez planos: nome dos filhos, lugar para a lua de mel, os móveis da casa, o dinheiro para as viajens, o carro...
Entretanto, quando as guerras começavam, percebia que terminar um namoro com alguém que já não amava, era natural e que daqui a três meses estaria pronta pra outra!
Com o passar dos anos, foi tornando-se mais seletiva, já não desejava qualquer um , como nos contos de fada.
Queria alguém que fosse pra ela o ponto de equilíbrio, que a fizesse pensar que ela era o motivo pelo qual estava ali,
alguém pra quem ela fizesse a diferença.

Procurava por alguém que cuidasse dela, que não reclamasse em trocar aquele churrasco por um jantar a dois sem nenhum motivo de comemoração, pelo simples fato de estarem juntos,que jogasse "imagem e ação" e se divirtisse como uma criança, que sorria de felicidade quando a olhasse, mesmo quando ela estivesse com rabo de cavalo, short, camiseta e chinelo.

A liberdade, ficar sem compromisso, sair sem dar satisfação
já não tinham o mesmo valor de antes.

Pensava que não só ela, mas muitas pessoas inventavam um monte de desculpas esfarrapadas, mas ainda assim estavam a procura incessante por uma pessoa legal,
que os complete e vice-versa.

Sabia que enquanto “durasse o perfume”, iria a luta...
Porém o melhor dessa parte era se divertir com os amigos, rir até doer
a barriga, fazer aqueles passinhos bregas que faziam antigamente e curtir...
Olhar para o teto, cantar bem alto aquela música que adorava.

Mas como o passado sempre reverberou seu presente,
num dado momento teve dúvidas, se de fato não havia encontrado a pessoa pra quem ela FEZ a diferença e, por incompetência própria e egoísmo, não a havia deixado passar!
Lembrava-se que em todas as vezes em que foi plenamente feliz, lá estava ele ao lado... e mesmo quando as brigas e guerras aconteciam, nada parecia tomar rumo para um fim...
Percebeu então que para ser feliz com outra pessoa, precisava em primeiro lugar não precisar dela.
Lembrou da tia, que há tempos tinha lhe dito que era preciso se amar, para sentir o verdadeiro sabor do amor.
A chuva e as tempestades a fascinavam e todas as vezes em que pode contemplar tal façanha, lembrava-se que não se vive de passado.
Então decidiu que era hora de voltar a viver, de ressurgir como a Fênix... Ela sabia exatamente como era se superar!
E, foi nesse momento que ao ouvir a voz dele, sorriu!
Logo a conversa era do mesmo tom daqueles tempos, leve, divertida e alegre.
E mesmo quando ela o indagou o porque se separam, ele disse:

”O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim
para que elas venham até você!
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas
quem estava procurando por você!”

Desligou o telefone feliz! E teve ali a certeza de que esse era apenas o inicio do longo caminho de volta a felicidade!!!