Monday, February 04, 2008

I´m not a girl, not yet a woman

O tempo foi passando e ela nem percebeu quando de fato se perdeu de seus sonhos...
Colocaram-lhe uma vida goela abaixo e ela foi aceitando, desistindo de si própria...
Foi substituindo a alegria por comodismo...
“È, a vida passa” pensou.
Olhou para trás e teve a sensação de que deixou passar tudo aquilo que ela sonhara um dia... Tudo aquilo que quis pra si.
Pensou que fez algumas escolhas das quais ela jamais se arrependeria.
Pensou no pai, sempre presente e dando-lhe força,
Pensou na filha que ainda nem tinha noção das escolhas que um dia teria que fazer
Lembrou que deixou de escolher por si, para escolher por eles.
Lá no fundo da alma, sentiu uma ponta de arrependimento por não ter feito suas próprias escolhas, por sempre ter posto outros na frente de seus sonhos.
Desistiu de tudo por eles.
Olhava no espelho e não via nada além de uma figura feia e destruída por si própria,
Tentava achar ali o brilho que antes tinha nos olhos... Procurava e nada.
Teve sempre a certeza de que não pertencia a este mundo, que estava ali só de passagem até que achasse a estrada para seguir seu próprio caminho...
Aprendeu a caminhar por onde era o lado sem erros, sem arriscar nada.
O lado aventureiro, misterioso se perdeu junto com muitas lembranças que não queria ter guardado no fundo do baú da mente.
Pensava que tinha a resposta pra tudo, mas no fundo sabia que a vida seguiria seu próprio caminho.
Não era uma garota, nem tão pouco uma mulher...
Precisava ainda de tempo até que se decidisse por qual delas seria
Achou que estava na hora de voltar a aprender as coisas por si só.
Viajar sempre foi a vontade dela Um país novo, um caminho a ser trilhado.
Quem sabe por lá acharia o caminho perdido?
Quem sabe não acharia aquele alguém pra quem ELA fizesse alguma diferença, ra quem ela fosse especial?
Um lugar onde ela não tivesse passado, onde ela fosse somente uma estranha no ninho...
Não que ela quisesse esquecer de alguma coisa ou de alguém.
Mas é fato que ela queria sumir, desistir de lutar pelos que ama e lutar só por ela.
Sendo egoísta como jamais havia sido em toda a sua vida.
Pensou, arrumou as malas, mas na hora em que sozinha no apartamento viu que de fato deixaria pra trás muito mais que as lembranças desistiu.
Mais uma vez teve a consciência de que já não estava sozinha, lembrou que alguém dependia dela e que talvez fosse egoísmo demais desistir assim.
Chorou sozinha como sempre...
Jogou todo o armário no chão e com os pés foi fazendo ilhotas para que pudesse fazer um caminho para sair dali.
Combinava entre si e apesar de estar entre mil pessoas estava só...
Foi quando percebeu que o frio era apenas a solidão.
E que o tempo sempre indelével havia levado dela o que tinha de melhor.
Não conseguia mais pensar em algo real, não sabia mais quem era, apenas juntava os pedaços de si mesma.
Será que era tão obvio?
Será que terminaria assim o resto dos seus dias?
Pensou que na verdade diziam sempre no que ela deveria acreditar
No que deveria fazer
Lembrou que ninguém a tinha ensinado o caminho para seguir e que cabia somente a ela olhar a lua e ver em qual direção deveria ir.
Sempre lembrava que a lua e as estrelas estavam sobre ela, protegendo seu caminho.
Resolveu então enfrentar tudo de frente SOZINHA.
Olhou para si e viu que ainda não era hora de desistir.
Sorriu intensamente , lembrou que as noites insones estavam mais leves, boas conversas, sorrisos e a certeza de que não queria esse mundinho certo e garantido que hipnotiza o gado que a cerca.Uma paz intensa a invadiu...
Lembrou q era necessário fazer as escolhas e deixar de fazê-las, não com cuidado, pois ele nada mais é que o medo disfarçado, uma covardia travestida de virtude.
Não se pode proteger o que existe para ser arriscado.
Não se pode fugir da sensação inestimável de alçar vôo à beira do precipício, de ir além, de quebrar barreiras, apenas porque se pode.
Entendeu que essa "garota" sempre encontraria seu caminho...
E seguiu...

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hum seus olhos são espelhos d'agua
brilhando vocêpra qualquer um
hum por onde esse amor andavaque não quis vocêde jeito algum
hum que vontade de ter você
que vontade de perguntar
se ainda é cedo
hum que vontade de merecer um cantinho do seu olhar
mas tenho medo

(Espelhos d´água)
Patricia Marx