Thursday, April 20, 2006

O espelho da alma

Olhando o espelho, não via reflexo algum
Apenas os emaranhados de pensamentos, gestos
Nenhuma palavra dita foi tão feroz e tão cruel quanto escutar do próprio coração dizer que errou.
Ela não sabia mais o que fazer, o que dizer
Sentia que o chão lhe fora tirado repentinamente
Procurava encontrar dentro de si a fagulha daquela que um dia ousou ser.
Tentava em vão buscar em si algo que a fizesse acreditar que seria diferente.
Sabia que se desse um passo um pouco mais largo nada a faria voltar atrás
E isso com certeza traria novos emaranhados de sentimentos e pensamentos
Refurtou por vezes de contar a ele que tb já teve tal vontade...
Que foi além que não suportava mais
Porém numa noite gélida, velando o sono dele, descobriu que poderiam ser diferentes...
Ela não queria voltar de onde haviam parado
Queria um novo começo, um novo caminhar.
Mas sabia que para isso precisava resgatar dentro de si uma pessoa que há muito havia sido esquecida!
Talvez quando realmente achou o ponto, já fosse tarde demais.
Lembrou-se de um trecho de um livro que havia lido a muito tempo atrás
"NUNCA É TARDE PARA COMEÇAR DE NOVO.
OS PASSOS NUNCA SERÃO REFEITOS, OS PÉS CAMINHAM POR NOVOS HORIZONTES"
Imaginou como seria se ele desse a ela um pouco mais de abertura, se ele se deixasse levar pelos novos caminhos...
Com certeza novas dificuldades viriam, mas estariam trilhando juntos, mesmo que isso significasse muito mais pra ela que pra ele.
Por muitas vezes o ouviu dizer que havia dado a ela as chances, mas nunca as disse de fato.
Nunca houve um "esta é sua chance".
Na espinha o frio a congelava e o temor de não saber por onde andar tb, mas não queria desistir
Sabia que aquilo não era um ponto final.
As palavras contradiziam os olhos dele, que mostravam a mágoa e a insegurança de se deixar levar de novo...
Ela tinha certeza de que o que no pensamento ele por vezes se indagou... "Será que essa mudança é só para que tudo volte ao normal? Será que isso é apenas medo?"
Ela queria poder responder e dizer que não, que desta vez era definitivo...
Porém não podia, as palavras soariam mais uma vez como discursos pseudo diáfanos.
Ela não sabia como havia deixado que que a dor lasciva trasnparecesse aos olhos
Lembrou de algumas vezes ter dado claros sinais de que tudo seria patético,
Entretanto,precisava acreditar que ele a olharia com os olhos de quem aceita um desafio...
Não mais que isso, pelo menos por hora...
As lágrimas corriam todas as vezes em que pensava nos momentos bons... Se pudesse, voltaria no tempo para fazer certo, mas talvez, esse fosse o instante mágicoque tantos falam, talvez esse fosse o momento em que a borboleta desabrocha...
"Quem sabe?" - Pensou
Bastaria um segundo, um olhar de acetação, mesmo que permissivo e pungente.
Seria como quem luta de alguma forma pela vida, pelo ar que se tem para respirar, esse era o significado para ela. Um momento que ele baixaria a guarda e lembrasse que um dia valeu a pena.
O que teria ele a perder? Alguns dias? Algumas horas? Alguns momentos ?
A cabeça girava, os gestos eram tímidos, mas lá no fundo sabia que podia fazer a diferença e queria acreditar nisso!
Toda a vida,foi obrigada a acreditar que era nada, que não haveria além, superação e confiança...
Quantas vezes ela o decepcionou?
Quantas vezes ele a magoou sem perceber?
Cabia agora deixar que o espelho voltasse a refletir o sorriso deles!
Cabia ao momento de um sim ou não ser silenciado
Cabia agora ressurgir da fênix.
E ela teve certeza de que podia, mesmo que pra isso precisasse mostrar suas fraquezas pra ele.